Titulo do texto:
"A ESTÉTICA DA IMPERFEIÇÃO EM ORQUESTRAS E ORGANIZAÇÕES"
Tema:
Weick faz um alegoria à improvisação no jazz de forma a explicar a situação das organizações
Análise:
Na perspectiva de Karl Weick, é fundamental estudarmos para além das organizações, se realmente queremos conhecer a sua lógica. Qualquer estudo em profundidade nos dá a percepção do caos e da ordem da condição humana, passando com isto a entender as grandes organizações humanas. É necessário ter sempre um espírito inovador e renovador de maneira a explorar as oportunidades de compreensão das organizações que, sem nos apercebermos, estão ao "virar da esquina".
O autor, faz uma bonita associação entre aquilo a que se propõe estudar e a música jazz. Segundo ele, as orquestras de jazz não são mais do que organizações de pessoas, de instrumentos, de músicas, de ideias e de emoções, no entanto o factor que mais o "impressiona" é a improvisão e a inovação nelas presente.
As organizações de hoje são "pressionadas" a fazer inovações num curto espaço de tempo, não existe uma continuidade, uma melodia. Weick considera que a interpretação das orquestas jazz, da sua qualidade e criatividade, ajudam a assimilar e compreender o processo de selecção natural e da geração de ideias acentes na análise de teóricos organizacionais. A ideia central que o autor pretende apresentar com esta comparação, é a ideia de que a noção de apreciação de música jazz, envolve uma estética de imperfeição.
Apercebemo-nos que, em vários aspectos, o jazz está intimamente ligado à teoria das organizações, se examinarmos algumas das suas caracteristicas. A sua beleza, vitalidade, intensidade, transmissão de emoções e comunicação entre o artista e o público, no seu conjunto, são considerados uma obra de arte.
O jazz não pode ser compreendido apenas num instante, não pode ser visto como um simples "objecto" mas como uma actividade que requer "carinho" e sensibilidade, pois está repleta de impulsos e processos que, como por magia, nos encantam e nos deixam preplexos.
Todas estas qualidades nos elocidam, mas nem tudo é ordem, existe também a parte do caos.
A principal caracteristica do jazz é a improvisação, a composição por impulso, guiada pelas emoções. Este factor pode criar muita controvérsia pois pode ser visto como imperfeito, o impulso repentino, o incorrecto. Nas palavras do compositor Elliott Carter, “as partituras possuem o papel essencial de evitar que o artista toque o que ele já sabe e guia-o para explorar outras idéias e técnicas”(Gioia, 1988, p. 92), no entanto sem o benefício da partitura, os músicos de jazz, quando recorrem ao improviso, propõem-se a uma série de obstáculos, e a possíveis falhas.
O que nos deixa em dúvida em relação aos solitas que improvisam é o facto de num curto espaço de tempo escolherem as notas certas, a melodia certa. Como pode o cérebro pensar tão depressa? Como podem eles "estudar metricamente" o improviso? Ficamos com a discrepancia entre as horas, os meses que levam a compôr as músicas numa estrutura bem pensada, e os milésimos de segundo de cada nota de um improviso, irreversibilidade, andamentos velozes e exposição ao público.
"O que o jazz nos força a considerar reside em saber quais formas, sociais e processuais, podem impedir o solipsismo(individualismo), impôr ordem e senso de permanência, mas não destruir a identidade, diversidade, autonomia e independência? Esta é uma discussão infindável nas ciências sociais, mas o jazz nos dá um motivo para repensá-la." (Weick)
Origem do texto:
http://www.rae.com.br/rae/index.cfm?FuseAction=Artigo&ID=1475&Secao=F%C3%93RUM&Volume=42&numero=3&Ano=2002
Elaborado por:
Marta Lopes Nº:52313
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário